EIS A HISTÓRIA E DEPOIS O ESPÍRITO FOI ENTREVISTADO POR ALLAN KARDEC:
“Um fato muito estranho vem ocorrendo atualmente
na Rua des Noyers. O Sr. Lesage, ecônomo do Palácio de Justiça,
ocupa um apartamento nessa rua. Desde algum tempo projéteis
vindos não se sabe de onde vêm quebrar as vidraças, penetrando o
interior da casa e atingindo os que ali se encontram, de modo a ferilos
mais ou menos gravemente. São fragmentos bastante
consideráveis de lenha semicarbonizados, pedaços de carvão de
pedra muito pesados e até dos chamados carvões de Paris. A
doméstica do Sr. Lesage recebeu vários no peito, resultando em
fortes contusões.
“A vítima desses sortilégios acabou por requerer a
assistência da polícia. Agentes foram postos em vigilância; mas eles
próprios não tardaram a ser atingidos pela mesma artilharia
invisível, sendo-lhes impossível saber de onde vinham os golpes.
“Tendo a existência se tornado insuportável numa casa
em que surpresas desagradáveis poderiam ocorrer a qualquer
momento, o Sr. Lesage solicitou ao proprietário a rescisão do
contrato. Aceito o pedido, e a fim de redigir a ata rescisória,
mandaram vir o Sr. Vaillant, oficial de justiça, cujo nome convinha
perfeitamente numa circunstância em que as citações não poderiam
ser feitas sem perigo.
“Com efeito, tão logo o funcionário ministerial
começou a redigir o ato, um enorme pedaço de carvão, lançado
com extrema violência, entrou pela janela e foi bater contra a
parede, reduzindo-se em pó. Sem se perturbar, o Sr. Vaillant serviuse
do pó para espalhá-lo sobre a página que acabava de escrever, da
mesma forma que, outrora, Junot se servira da terra levantada pela bomba.
“Em 1847 ocorreu um fato análogo na Rua des Grès,
cujo relato então fizemos. Um tal L..., mercador de carvão, também
servia de alvo a fantásticos sagitários, e essas incompreensíveis
emissões de pedras punham em polvorosa todo o quarteirão.
Paralelamente à casa habitada pelo carvoeiro havia um terreno
vago, em meio ao qual se achava a antiga igreja da Rua des Grès,
hoje Escola dos Frades da Doutrina Cristã. A princípio imaginaram
que de lá partiam os projéteis, mas logo tal ilusão se desfez.
Quando vigiavam de um lado, as pedras chegavam do outro.
Entretanto, eles acabaram surpreendendo em flagrante o mágico,
que não era outro senão o próprio Sr. L... Tinha recorrido a essa
fantasmagoria porque estava descontente na casa e desejava
rescindir o contrato.
“Não foi o que se deu com o Sr. Lesage, cuja
honorabilidade excluía qualquer idéia de artimanha e, aliás, estava
muito contente com o seu apartamento e o deixou com pesar.
“Espera-se que o inquérito, conduzido pelo Sr. Hubaut,
comissário do bairro da Sorbonne, esclareça o mistério, que talvez
não passe de uma brincadeira de mau gosto, excessivamente
prolongada”.
94. Citaremos a respeito à conversação suscitada pelos fatos verificados em junho de 1860 na rua
Dês Noyers, em Paris. Os pormenores se encontram na
Revista Espírita de agosto de 1860.
1. (A São Luís) Teria a bondade de nos dizer se os fatos que dizem ter ocorrido na rua Dês Noyers são reais? Quanto á sua possibilidade não temos dúvidas.
— Sim, esses fatos são verdadeiros, mas a imaginação do povo os exagerou, seja por medo ou por ironia. Entretanto, repito, são verdadeiros. Foram manifestações de um Espírito que se diverte um pouco com os moradores.
2. Há alguém, na casa, que dê motivo a essas manifestações?
— Elas são sempre provocadas pela presença de uma pessoa detestada. O Espírito perturbador se aborrece com o habitante do lugar em que ele se encontra e quer pregar-lhe algumas peças ou fazê-lo mudar-se.
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